Série

Como usar Olhos Que Condenam na redação

2019 • 1 temporada • 70min • 18+
Sinopse: Cinco adolescentes do Harlem vivem um pesadelo depois de serem injustamente acusados de um ataque brutal no Central Park. Baseada em uma história real.


ESTUPRO

O famoso caso dos “Cinco do Central Park” diz respeito a um estupro brutal e tentativa de homicídio de uma corredora branca, Trisha Meili, no conhecido parque da cidade de Nova Iorque. Embora não tenham sido eles os culpados, o evento demonstra a terrível recorrência da violência sexual às mulheres nos contextos mais imprevisíveis.


CORRUPÇÃO E VIOLÊNCIA POLICIAL

Ao encontrar a corredora à beira da morte, a polícia rapidamente associou o evento ao tumulto e à arruaça que jovens negros faziam no parque. Mais cedo, diversos deles haviam sido levados à delegacia, inclusive um deles agredido por um policial, usando seu capacete. Então, os investigadores decidem encerrar logo o caso inventando denúncias aos jovens, fazendo falsas promessas, interrogando-os sem a presença dos pais ou de advogados e incriminando-os com falsas e confusas confissões forçadas.


RACISMO INSTITUCIONAL

Os eventos retratados na série têm uma mensagem explícita: o racismo está velado até nas instituições governamentais, injustamente acusando e condenando um seleto grupo. Em 18 de abril de 1989, poucos jovens negros causaram confusão no parque, e todos, de um grupo grande de inocentes de qualquer ato, foram levados violentamente à delegacia. A promotoria e a opinião pública midiática não tiveram receio em acusar crianças de um estupro brutal, desumanizando e maltratando os jovens, porque, para eles, eram “animais”. O que não seria diferente se fossem brancos?


DEFICIÊNCIAS DO PODER JUDICIÁRIO

E assim, 5 crianças negras inocentes foram condenadas à prisão por um crime que não cometeram, em um erro da Justiça entre tantos outros semelhantes. Em uma acusação sem provas físicas, nenhuma compatibilidade de DNA, uma linha do tempo inconciliável e depoimentos conflitantes, o caso contra os garotos, dividido ainda em 2 processos diferentes, resultou no mesmo veredito: injustiça.  


PENA DE MORTE

Ainda antes dos acusados serem julgados, o magnata milionário Donald Trump gastou $85.000 para um anúncio de página inteira em 4 grandes jornais da cidade: ele pedia a volta da pena de morte para a execução dos 5 jovens. Até hoje, com a estreia da série que exonera os 5, o atual presidente dos EUA se recusa a se desculpar e nega a inocência deles. O debate da pena de morte é delicado nos EUA, variando de estado para estado, e têm sido fomentado no Brasil.


TRÁFICO DE DROGAS

Ao sair da prisão, já mais velho, Raymond Santana busca empregos para se sustentar e falha sucessivamente. Após longas decepções atrás de trabalho e observando há tempos o fluxo do crime organizado de Harlem, o jovem se envolve com o tráfico de drogas para sua sobrevivência. Fica claro que a ineficácia na reinserção de ex-carcerários no mercado de trabalho leva à propensão da entrada ao tráfico e, claro, ao ciclo infinito de criminalidade a essa camada marginalizada.


SISTEMA CARCERÁRIO

No último episódio, vemos a particularidade da situação de Korey Wise: por já ter 16 anos, o garoto foi submetido diretamente à vida no sistema penitenciário. Lá, ele era espancado e violentado em ataques até coordenados e orquestrados pelos próprios guardas, vendo-se dentro de um esquema de corrupção e opressão nas cadeias. Para piorar a situação, ele não podia ir na enfermaria pois seria “dedo-duro” e foi obrigado a se colocar na cela solitária.


TRANSFOBIA

Um tópico tangenciado no desenrolar da série é a história de preconceito que a irmã de Korey, Marci Wise, sofria dentro e fora de casa por ser uma mulher trans. Na rua, era observada e agredida verbalmente por pedestres ao seu lado; em casa, era oprimida e repudiada por sua mãe, que chega a expulsá-la de casa por sua identidade de gênero. Enquanto Korey serve seu tempo na prisão, ele ouve a notícia de que sua irmã foi assassinada.


EXEMPLO DE INTRODUÇÃO:
Tema Enem 2016 2ª aplicação: “Caminhos para combater o racismo no Brasil”

Em 2019, a minissérie “Olhos que Condenam” trouxe à tona o caso dos “Cinco do Central Park”, as cinco crianças negras condenadas injustamente por claro racismo institucional. Entretanto, é fato que o problema não está restrito aos EUA, visto, por exemplo, o paradoxo brasileiro de Thor Batista e Rafael Braga: o primeiro, branco e filho de milionário, foi absolvido de atropelar e matar um ciclista, enquanto o segundo, pobre e negro, preso por portar uma garrafa de desinfetante nas manifestações de junho de 2013. Logo, fica claro que, para combater a mentalidade racista no país, é preciso realizar uma reavaliação da seletividade penal e policial e reparar as injustiças históricas.